Se nos últimos anos o mercado global já enfrentava uma disrupção em suas operações tecnológicas, com a pandemia essa transformação foi acelerada ainda mais. Até mesmo as seguradoras, consideradas um tanto quanto tradicionais, englobaram em suas estratégias a inovação e já dão boas-vindas a um conceito que promete revolucionar o setor: o Open Insurance (ou Sistema de Seguros Aberto).
O Open Insurence permite o acesso e compartilhamento de dados, pessoais ou não, geralmente por meio de interface de programação de aplicação (API’s), que são conjuntos de funções e protocolos que permitem a interação e integração entre diferentes aplicativos.
Criado para dar maior abertura para o mercado ao compartilhar e circular dados de segurados, o Open Insurance representa uma grande oportunidade integrar ecossistemas de negócios, fomentar parcerias digitais e abrir novos canais de contato com o cliente.
Mas como isso é possível?
Beneficiando-se dos dados
Os dados são um ativo essencial do setor de seguros. Eles estão disponíveis em quantidade e amplamente utilizados, desde a identificação de riscos até a precificação. O aumento de parcerias com fornecedores de tecnologia e novas fontes de dados (como por exemplo, as mídias sociais e a Internet das Coisas) estão impulsionando ainda mais a corrida do setor em direção à inovação, trazendo melhorias em termos de eficiência e experiência do cliente.
Pode-se dizer, assim, que a digitalização criou padrões para os consumidores. Isso força as seguradoras a reavaliar suas atuais relações com os clientes, aumentando o foco na inovação, no engajamento e no serviço. Por outro lado, os clientes nativos digitais exigem serviços personalizados com base em suas preferências individuais.
Entretanto, importante ressaltar que alguns desafios podem surgir também. Para as seguradoras, isso pode incluir o gerenciamento de riscos relacionados à segurança e privacidade dos dados compartilhados, bem como ao processamento e armazenamento deles em estrita conformidade com o consentimento do consumidor e em total respeito às normas legais. Colocar a segurança dos clientes em primeiro lugar e minimizar o risco de violações de dados e fraudes é fundamental.
As responsabilidades advindas do universo digital
Um ponto fundamental é o seguinte: em que medida os dados relacionados a seguros devem ser compartilhados com outros operadores de seguros?
Questões de proteção de dados e ética no uso destes podem surgir com o aumento do compartilhamento de dados, mormente porque há informações confidenciais acessíveis a terceiros. Portanto, são necessárias restrições claras para compartilhar dados além do consentimento do cliente.
Uma maneira de fazer isso, conforme relatado pela EIOPA (European Insurance and Occupational Pensions Authority), seria assegurar o equilíbrio adequado entre privacidade/proteção de dados pessoais, assegurando o direito à concorrência.
No Brasil, a SUSEP (Superintendência de Seguros Privados) publicou a Resolução CNSP nº 415/2021 e as Circulares SUSEP nos 635/2021 e 661/2022, dispõem sobre as diretrizes para implementação do Open Insurance. Esse conjunto de regulamentos estabelece condições para permitir que o consumidor acesse e compartilhe seus dados (se quiser), com outras seguradoras ou terceiros. O objetivo é desenvolver o setor de seguros, garantindo ao consumidor mais segurança e controle no acesso aos seus dados, ampliando a comunicação transparente entre plataformas e infraestrutura de tecnologia.
De qualquer maneira, do ponto de vista contratual, as operadoras de seguros e os fornecedores de tecnologia devem regular cuidadosamente vários aspectos dos dados que estão em suas mãos.
Diante desse cenário, começa a ganhar relevância a utilização dos sandboxes, ou seja, um ambiente regulatório experimental em que se testam possibilidades através de simulações, sem incorrer inicialmente em todas as consequências da regulação vigente.
Por esse motivo, as seguradoras devem se comprometer com a criação de espaços para se conectar a ecossistemas de terceiros (e vice-versa) e, ao mesmo tempo, devem propor inovações no âmbito dos mencionados sandboxes. Essa combinação de inovação, tecnologia e regulamentação será, sem dúvida, a base para o futuro do seguro.
A oportunidades batendo à porta
Com o compartilhamento de informações, insurtechs e seguradoras poderão combinar expertises para, juntas, criarem novas soluções a fim de oferecer algo que, separadas, não seria possível.
Essa combinação é fundamental, pois as demandas mudam de acordo com o comportamento do usuário, que está cada vez mais digital – e a tendência é que continue assim.
Sabe-se, por exemplo, que o número de pessoas que utilizam veículo para ir e voltar do trabalho caiu graças ao home office. Se uma seguradora de automóveis é especializada em oferecer este produto aos clientes, como irá sobreviver em um mundo que caminha a passos largos rumo ao trabalho remoto ou híbrido?
Com o Open Insurance, o mercado oferece às empresas uma nova oportunidade para se reinventar e alavancar vendas com ofertas inovadoras. Assim, para as seguradoras, muitos benefícios surgirão, o que inclui maior eficiência possibilitada por custos administrativos e operacionais reduzidos e processos de vendas digitais facilitados com maior velocidade e flexibilidade. Além disso, o compartilhamento de dados em tempo real permitirá uma melhor supervisão dos serviços prestados, bem como um tratamento mais assertivo do controle de risco e facilitando a detecção de eventuais fraudes.
Já para os consumidores, o Open Insurence trará produtos mais personalizados e apólices relacionadas a eventos específicos oferecidos aos clientes por meio de um aplicativo, o que pode baratear os custos da contratação.
A Avita é a primeira corretora a desenvolver uma plataforma de nível altamente disruptivo no mercado de seguro garantia. Nosso objetivo é facilitar, colaborar e alavancar soluções e modelos de negócios inovadores.
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Fontes:
https://www.revistaapolice.com.br/2021/08/o-que-e-o-open-insurance-senao-uma-insurtech/